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Um projeto para o Brasil

Leia artigo de Pedro Dutra Fonseca* para Zero Hora

Escrito por Pedro Dutra Fonseca para Zero Hora29 de Jun de 2017 às 11:06
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Evento terá a participação de Luiz Carlos Bresser-Pereira. Foto: Divulgação.
 
 

O lançamento do Manifesto Projeto Brasil Nação ocorre hoje (28/06), às 18h30min, no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa. Saiba mais e participe!

A crise atual leva-nos ao pessimismo e à crença na regressão do país. Há quem sonhe ir para o Exterior, ou seja, a salvação individual. Por isso, é importante o lançamento que se faz hoje na Assembleia Legislativa, às 18h30min, do Projeto Brasil-Nação, com manifesto divulgado inicialmente em São Paulo, na tradicional Faculdade de Direito do Largo do São Francisco. Trata-se de proposta que parte da sociedade civil, de intelectuais, cidadãos e organizações sociais, de discutir um projeto para o Brasil: ao assumir os problemas do presente como desafios, a proposta maior é que se olhe o futuro e se pergunte: que Brasil queremos?

Entre 1900 e 1980, o Brasil foi o país que mais cresceu e mudou sua face agrária e até há pouco escravista para urbano-industrial. A discussão sobre seu futuro estava na ordem do dia. Havia discordâncias e se reconheciam dificuldades, mas o debate alimentava esperanças e se tinha certeza de que a próxima geração teria como legado um país melhor. Isso, hoje, já não existe. A década de 1980, com inflação galopante, forçou a agenda a focar o curto prazo e, de lá, não mais saímos, atropelados ainda pela globalização, que estreitou a margem para alternativas nacionais. E a hegemonia rentista-financeira sufocou a agenda pró-desenvolvimento.

A discussão de um projeto não significa voltar ao passado, mas parte da constatação de que o país tem 14 milhões de desempregados, desindustrializa-se há mais de três décadas e os partidos políticos estão frágeis com denúncias de corrupção sem precedentes. Mesmo a tímida distribuição de renda das últimas décadas pode perder-se, assim como a democracia, que até há pouco parecia consolidada.

Governantes surpreendem ao considerar impopularidade um valor, enquanto o radicalismo emocional despreza valores mínimos de convivência e princípios éticos mais elementares. Significa, sobretudo, termos consciência de que, sem a discussão e iniciativas como essa, outro projeto será de qualquer forma implementado. Por isso, o momento exige reflexão, mas, com esta, a construção de alternativas. Se não formos capazes de construir a "agenda positiva", o mínimo que teremos é a reprodução do estado em que chegamos, onde a lei do mais forte e o messianismo não estão descartados.

 

*Professor titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFRGS

   

 

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