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Selic execrável

Escrito por Ceape TCE/RS29 de Jan de 2014 às 17:40
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Artigo publicado no Jornal do Comércio, 29 de janeiro de 2014.

João Pedro Casarotto

Não se apequene, teria escrito, em seu leito de morte, o ministro Sérgio Motta ao presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Mas, na questão dos juros, o Fernando, o Lula (PT) e agora a Dilma Rousseff (PT) se apequenaram. Por que a presidenta também ajoelhou em Davos e rezou o mantra exigido dos que se prostram diante deles?

Falta de reservas não é a causa, pois estamos com US$ 375 bilhões em caixa. Juros internacionais também não, pois o Banco Central Europeu está praticando a taxa de 0,25%, enquanto nós estamos praticando 10,5% e a caminho dos 11%. Crescimento baixo do PIB muito menos, pois em 2013 o brasileiro ficou ao redor dos 2%, enquanto que o da poderosa Alemanha foi 0,4%.

Deduzindo-se os juros do BCE da inflação harmonizada da zona do euro, que em 2013 foi de 1,4%, temos que o banco está praticando um juro real negativo de 1,15%. Então, por que o Brasil tem que pagar um juro real positivo que gira entorno de 5%?

Nada explica o fato de que a dita taxa neutra brasileira seja 20 vezes maior que a da zona do euro. Afinal, se o Brasil não ficou e nem está à deriva – como ficaram o BCE e a zona do euro, junto com a sua moeda, em decorrência do assalto aos cofres públicos apelidado de crise financeira –, por que temos que praticar essas execráveis taxas de juros? Aliás, prática que gerou os seguintes números em 2013: do total dos gastos da União de R$ 1,8 trilhão, o sistema financeiro abocanhou R$ 718 bilhões – quase R$ 2 bilhões por dia –, enquanto que com investimentos gastamos R$ 17 bilhões, o equivalente a menos de nove dias de gastos com a dívida.

Como eles conseguem abocanhar 40% dos gastos da União enquanto que nós ficamos com as migalhas gastas, entre outros, com infraestrutura, saneamento básico, educação e segurança? Este nosso comportamento frente ao sistema financeiro decorreria somente do complexo de inferioridade que assumimos diante de um grupo de arquibilionários?

Auditor

   

 

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