A taxa básica de juros de 12,25% trava a capacidade do governo de investir. Bilhões de reais drenados no pagamento da dívida pública, resultantes de sucessivos aumentos na Selic, acabam por desequilibrar o Erário. O ajuste fiscal proposto pelo governo é menos importante que frear o aumento dos juros, diagnostica o economista Ladislau Dowbor, professor de economia e administração da PUC. "A visão geral de que os desequilíbrios e os entraves ao crescimento se devem a excessivos gastos públicos constitui postura ideológica sem base técnica coerente", afirma. "O desafio está na redução dos juros, que travam tanto a demanda como os investimentos." Estudioso do peso dos intermediários financeiros sobre a economia brasileira Dowbor entende que o governo erra ao focar no corte de gastos e deveria priorizar uma reforma do sistema financeiro. Segundo o economista, a aparente incoerência entre um PIB estagnado e uma alta taxa de emprego explica-se por causa dos juros pesados e da elevada carga tributária que incide sobre os bens de consumo.
Esquecida nos debates do Congresso, uma reforma tributária que diminua a incidência de impostos sobre o consumo e a contratação de mão de obra seria fundamental, defende.