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Eduardo K. M. Carrion: do tempo da inocência ao da consciência

Leia artigo publicado na Zero Hora

Escrito por CEAPE-Sindicato21 de Jun de 2016 às 13:06
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A corrupção no mundo político e empresarial beneficia ainda mais os já privilegiados e penaliza sobretudo as camadas médias, mais ainda os setores empobrecidos da população, carentes de políticas sociais eficazes e de qualidade por parte do Estado. Não surpreende que nossa carga tributária seja excessiva, precisando também financiar corrupção, além do mau uso e do desperdício dos recursos públicos. Resultado: menos desenvolvimento e eficiência, mais pobreza e marginalidade, sem falar nos custos social, político, ético, entre outros, atingindo a coesão social. Entretanto, saber-se que a corrupção seja estrutural no Brasil não significa que seja inevitável, ou, melhor, insuperável, pelo menos nas características e amplitude atuais.

A corrupção sistematizada e sistêmica não era de todo desconhecida dos analistas e especialistas. De todo modo, surpreende a dimensão que adquiriu nas últimas décadas. O mensalão pareceu por momentos o ápice de um processo. Sucedeu-se a Lava-Jato e hoje já se sabe que a Petrobras é apenas parte de um conjunto bem mais amplo. Mais ainda: a corrupção atinge o mundo político de Norte a Sul, de Leste a Oeste, sem limites partidários ou ideológicos, salvo poucas ou raras exceções, que não descaracterizam o sentido principal. Podemos talvez dizer que, em face das revelações e das denúncias que se sucedem, estamos finalmente deixando o tempo da inocência para ingressarmos no tempo da consciência. Espera-se ao menos.

Tempo da consciência esse, que talvez nos permita redirecionar nossa vida política, resgatando uma dimensão efetivamente republicana. Tempo da consciência esse, que pressupõe deixarmos de lado o pensamento unilateral e, portanto, parcial, que só identifica o malfeito — senão o pecado, numa leitura religiosa que no mundo da política vira estreiteza e sectarismo — no outro lado da barricada, aprisionados numa lógica amigo x inimigo, que só favorece objetivos estreitos e sectários.

O momento, apesar das aparências, revela-se finalmente auspicioso e promissor, momento raro e cheio de possibilidades para repensarmos nossa política e nosso futuro e para aprofundarmos e melhor qualificarmos nossa experiência democrática. Mudando os personagens, seguramente, mas também reavaliando nossas instituições e práticas políticas.

 

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/noticia/2016/06/eduardo-k-m-carrion-do-tempo-da-inocencia-ao-da-consciencia-6097968.html

   

 

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