Artigos

O sinhô coroné gaúcho

Leia artigo de João Pedro Casarotto sobre o Plano de Recuperação Fiscal

Escrito por João Pedro Casarotto, 67, Auditor-Fiscal do RS, aposentado.25 de Jan de 2018 às 09:59
Artigos
Casarotto é Auditor-Fiscal aposentado.
 
 

O enraizamento ou não do coronelismo político no Rio Grande do Sul
depende da Assembleia Legislativa, que ora aprecia o projeto de lei
complementar nº 249/17 que autoriza o Estado a instituir o dito
plano de recuperação fiscal.
Iludidos por falsos mascates financeiros, os montadores embutiram
nesse plano a criação de um fundo de investimento que reunirá
restritos parceiros e que administrará os valores oriundos dos
créditos que o Estado tem a receber de terceiros, que hoje beiram os
R$ 40 bilhões, isto é, cerca de vinte e quatro rodovias do parque (BR448)
ou de vinte vezes o valor que o Estado pretende receber com a
venda das ações do Banrisul.
Esse fundo possibilitará triangulações financeiras com ganhos de
arbitragem que poderão anular ou até gerar lucro com o imposto
devido enquanto que o recolhido pelos demais contribuintes será
destinado ao custeio de desenfreados gastos de financiamento e de
funcionamento.
Sem querer, as atuais autoridades poderão deixar as portas abertas
para que, no futuro, alguém queira manipular esta montanha de
dinheiro em benefício próprio para se tornar o “sinhô coroné gaúcho”
que comandará a política gaúcha pelas próximas décadas.
O PLC 249/17, ao permitir a transferência de vultosos recursos
públicos para selecionados investidores profissionais, aprofundará a
atrofia da iniciativa privada e dos serviços públicos bem como
acelerará o atual processo de favelização dos gaúchos com suas
nefastas consequências: coronelismo, mandonismo, clientelismo,
compadrio, amiguismo e dinastia política.
Não creio que as deputadas e os deputados estaduais queiram gravar
seu nome na história como responsáveis pela criação de vultosos
passivos – inclusive os ocultos, decorrentes de intocáveis contratos
leoninos - e pelo maior retrocesso político e econômico ocorrido em
solo gaúcho.
Precisamos rechaçar o atraso.

   

 

Mais Noticias

Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo.

Política de Privacidade